História

O Cerrado é um bioma ancestral, que há 18 mil anos ocupava importantes extensões do Brasil Central e a maior parte da área atual do domínio da Floresta Amazônica.

Com a última glaciação, houve um processo de aquecimento e umedecimento dos ambientes, o Cerrado avançou sobre a Caatinga e as florestas avançaram sobre o Cerrado (formando a floresta amazônica) e também sobre a Caatinga (formando a floresta atlântica). Depois de milhares de anos, se consolidou o desenho final dos domínios dos biomas e na região amazônica restam ainda algumas “ilhas” remanescentes de Cerrado.

Dentre todos os biomas, o Cerrado é o que possui uma maior tenacidade, ou seja, a capacidade de se manter como uma vegetação clímax, sustentável ao longo de milhares de anos frente às limitações ambientais, tais como a deficiência de água e nutrientes. Talvez, o que mais surpreenda nos Cerrados é que os solos considerados pobres, em termos de nutrientes, sustentem uma das maiores e mais pujantes biodiversidades do planeta, produzindo alimentos ricos em nutrientes e fitoquímicos importantes para a saúde.

Apesar da sua importância, é o bioma mais ameaçado pela expansão do agronegócio  baseado na monocultura empresarial, considerada a maior fronteira agrícola deste século, mantendo atualmente apenas 54,5% da sua vegetação nativa.

Diversidade

Com enorme abundância de espécies endêmicas, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, tendo mais de 11 mil espécies de plantas nativas catalogadas. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas e a população de aves compreende aproximadamente 837 espécies. Os números de peixes, répteis e anfíbios são elevados, compreendendo mais de mil espécies.

Importância Social

As culturas originárias do Cerrado se assentam em mais de 12 mil anos de convivência criativa com a diversidade/complementaridade que o caracteriza. As populações indígenas ao longo de milhares de anos desenvolveram todo um conjunto de estratégias de uso dos recursos naturais nos diferentes ambientes florestais e campestres do Cerrado, combinando caça, coleta, pesca e cultivo de diferentes espécies, durante 550 gerações. Esse legado resultou em um campesinato bastante diversificado – vazanteiros, retireiros, geraizeiros, mulheres quebradeiras de coco babaçu, entre aquilombados e indigenatos (camponeses etnicamente diferenciados, conforme caracteriza Darci Ribeiro).

Os Povos do Cerrado constituíram suas territorialidades ocupando as veredas, as várzeas, enfim, as áreas ribeirinhas, manejando o balanço das águas, uma flora e fauna extremamente ricas e, sobretudo nas encostas e chapadas, praticaram a caça e a coleta conformando sistemas agroextrativistas criativamente adaptados às variações das paisagens.

A cultura dos Povos do Cerrado é um patrimônio da humanidade, imprescindível para garantir a sustentabilidade do planeta.